terça-feira, 30 de março de 2010

O setor LGBT da Africa do Sul está articulando uma ação contra a homofobia na Copa


Prezados/as senhores/as,

A campanha 070707 agrega uma rede nacional de mais de 25 organizações da África do Sul que abordam os altos índices de medo, intimidação, falta de segurança e a falta de liberdade enfrentados pelas lésbicas, assim como gays, bissexuais, transgêneros e pessoas intersex sulafricanas (setor LGBT).

A Aliança foi criada em resposta direta ao assassinato brutal de duas mulheres lésbicas, Sizakele Sigasa e Salome Masooa, em 07 de julho de 2007.

Em 2008 Eudy Simelane, ex-jogador de futebol da Seleção Nacional Sulafricana de Mulheres, Banyana Banyana, foi brutalmente estuprada e assassinada por ser lésbica. O sonho dela era ser um árbitro de futebol nessa Copa do Mundo.

Como Povos, estamos muito felizes por estar recebendo tantas pessoas durante a Copa Mundial em junho. Estamos particularmente felizes que o Brasil voltará a ser parte deste evento histórico e demonstrar as habilidades únicas que vimos ganhar o troféu por cinco vezes. Igualmente, o Brasil foi uma nação líder em organismos multilaterais, especialmente nas Nações Unidas, nos chamando para o fim da discriminação e da promulgação de leis que eliminam a homofobia contra pessoas LGBT.

A criação da Campanha Brasil contra a Homofobia é um passo exemplar para todas as nações, reconhecemos que é o resultado da luta dos movimentos sociais, em particular do movimento LGBT para o avanço dos direitos humanos. Também reconhecemos a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu governo que continua a ser estratégica para influenciar os líderes do mundo. Acompanhamos que recentemente, o Presidente Lula falou na Conferência da ILGA destacando a necessidade do Brasil continuar a "garantia do respeito pela livre orientação sexual e identidade de gênero ... a redução da violência motivada por diferenças de gênero, raça ou etnia, idade, orientação sexual e situações de vulnerabilidade. Como conseqüência, as políticas [e outras iniciativas] são propostos programas que incentivam as mulheres integrante do cuidado de saúde, levando em consideração as suas especificidades, incluindo orientação sexual ".

Tendo isto em mente, estamos escrevendo para vocês companheiros/ as dos movimentos sociais, em particular aos que lutam pelos direitos LGBT, para solicitar ao Presidente Lula e a Delegação de Futebol que irá representar o Brasil na Copa do Mundo na África do Sul em junho, para homenagear Eudy Simelane em um ato simbolico contra a homofobia. Solicitamos que a Seleção Brasileira possa ser solidária com nossa luta humanitária vestindo ou carregando um símbolo que pode falar contra os crimes de ódio que ameaçam a população LGBT nos nossos países. Idealmente, gostaríamos de ver os jogadores vestindo ou carregando um símbolo em uma de suas partidas para destacar esta questão. Para isso precisamos de vossa mobilização e vossa ajuda para que juntos/as possamos ser mais fortes.

Anexamos alguns folhetos com breves informações sobre os desafios que este fenômeno representa para nós, infelizmente estão em inglês, caso vocês tenham dificuldades para leitura, nos dispomos a traduzi-los.

Estamos convencidos de que a erradicação da homofobia e a defesa dos direitos humanos de todos os povos só são possíveis com a construção de sociedades que respeitem a diversidade e que contribua para a co-existência pacífica. Esta tarefa exige de todos nós muito trabalho conjunto. Acreditamos que o Esporte, especialmente o futebol é nesse momento uma grande aliança de solidariedade e de visibilidade contra a homofobia que refletirá os anseios de sulafricanos/ as, brasileiros/ as e outros povos do mundo.

Nós confiamos que vocês atenderão o nosso apelo e pedido, pois estamos ansiosas que a seleção nacional, Bafana Bafana também incorpore nossa lua.

Despedimos-nos e certamente estamos ansiosas para termos o vosso retorno.

Nancy Castro-Leal
Gay and Lesbian Memory in Action, GALA
P.O. Box 31719
Braamfontein 2017
South Africa
Phone: +27 (0)11 717 1782
Cel: +27 (0)84 418 3349
Fax: + 27 (0)11 717 1783

Marlow Valentine / Vanessa Ludwig
Triangle Project
http://br.mc571.mail.yahoo.com/mc/compose?to=endhate@triangle.org.za; http://br.mc571.mail.yahoo.com/mc/compose?to=marlow@triangle.org.za; http://br.mc571.mail.yahoo.com/mc/compose?to=vanessa@triangle.org.za
Telephone ++ 27 21 448 3812; 083 668 5935; 082 370 5923

Nonhlanhla Mkhize,
Durban Lesbian & Gay Community Health Centre
http://br.mc571.mail.yahoo.com/mc/compose?to=mc@gaycentre.org.za
Telephone ++ 27 31 301 21 45; 083 748 95 65

Phumzile Mtetwa,
Lesbian and Gay Equality Project
http://br.mc571.mail.yahoo.com/mc/compose?to=phumi@equality.org.za
Telephone ++ 27 487 3810
OCH: é importante que a carta seja repassada por e-mail.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sobre Intersexo e Direitos Humanos

O problema da questões que envolvem as discussões sobre intersexo e a sua investigação foi identificado a partir da experiência das estudantes pesquisadoras em programa de iniciação científica junto ao Grupo de Pesquisa "Direitos Humanos, Direito à Saúde e Família" UCSAL/CNPQ. Foi no espaço desta experiência acadêmica que o tema da intersexualidade humana foi compreendido como um tema de alta complexidade, com implicações éticas, médicas, sociais e culturais.
O "estado intersexual", também conhecido pelas denominações de Anomalia do Desenvolvimento Sexual (ADS) ou Distúrbios da Determinação e Diferenciação Sexual (DDDS), pode ser entendido, objetivamente, como quando um ou mais dos sexos do indivíduo não concorda com o outro ou outros (o sexo genético não concorda com o sexo gonadal ou fenotípico) (GUERRA JÚNIOR, 2002).
A ADS é classificada, atualmente, em 4 grandes grupos: Pseudo-hermafroditismo feminino (o indivíduo possui ovário, o sexo cromossômico é 46 XX, a genitália interna é feminina, mas a genitália externa é "ambígua"), Pseudo-hermafroditismo masculino (a pessoa possui testículos, cariótipo 46 XY, mas a genitália externa é "feminina" ou ambígua), Disgenesia gonadal mista (o indivíduo nasce com gônadas disgenéticas) e Hermafroditismo verdadeiro (pessoas que possuem tecido ovariano e testículos na mesma gônada ou separadamente) (MACHADO, 2005ª; MELLO; ASSUMPÇÃO; HACKEL, 2005).
O tratamento médico é complexo e prolonga-se durante toda a existência do paciente, necessitando da feitura de exames, de medicamentos e, quando necessário, de cirurgias corretivas. A situação de intersexo perpassa pelas questões médicas, mas não se atém apenas a este plano, existindo outras implicações na vida do indivíduo de igual ou maior complexidade, tais como: 1) questões de auto-aceitação e conhecimento da patologia; 2) apoio e compreensão da família; 3) perspectiva de gênero; 4) possibilidades reprodutivas e heterossexuais; 5) preconceito e discriminação sociais. Assim, o presente trabalho visa retomar cada um destes pontos na perspectiva do ser jovem.
Autoras: Ingrid Gil Sales, Roberta Tourinho Dantas e Vania Reis.

terça-feira, 23 de março de 2010

Sobre este BLOG

É muito importante que todos os particpantes desses BLOG divulguem as propostas e os objetivos da OCH. Este espaço tem como finalidade informar, estabelecer um espaço de cidadania para todos que apoiam a causa, sejam homo ou hetero. O importante é rafirmar que vivemos em um país onde os "silêncios" encobrem as situações que envolvem a violência homofóbica, no aspecto moral, físico etc,.. As sugestões para novas publicações devem ser enviadas para o
Vamos lá!
Patrícia Sanches

Entidades Nacionais e Estaduais "Brasil sem Homofobia"

Essas são as entidades Nacionais e Estaduais que participam da construção do Programa Brasil Sem Homofobia Programa de Combate à Violência e à Discriminaçãocontra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual



Entidades Nacionais:
Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT)
Articulação Nacional de Transgêneros (ANTRA))
Articulação Brasileira de Lesbicas
Entidades nos Estados:
Arco-Iris – Grupo de Conscientização Homossexual/RJ
Associação Amazonense de Gays, Lésbicas e Travestis (AAGLT)/AM
Associação Goiana de Gays, Lésbicas e Travestis (AGLT)/GO
Associação Goiana de Transgêneros/GO
Estruturação – Grupo Homosexual de Brasília/DF
Grupo Dignidade – Pela Cidadania de Gays, Lesbicas e Transgêneros/PR
Grupo Gay da Bahia (GGB)/BA
Grupo Gay de Alagoas (GGAL)/AL
Grupo Hábeas Corpus de Potiguar (GHAP)/RN
Grupo Resistência Asa Branca (GRAB)/CE
Grupo Somos/RS
Instituto Edson Néris (IEN)/SP
Lésbicas Gaúchas – LEGAU/RS
Movimento D`Ellas/RJ
Movimento do Espírito Lilás (MEL)/PB
Movimento Gay de Minas (MGM)/MG

Telefones/E-mail:(61) 2025-3081 / 2025-3986/ lgbt@sedh.gov.brEsplanada dos Ministérios Bloco TEd. Anexo II Ministério da Justiça Sala T-05Brasília/DF CEP: 70064-900

domingo, 21 de março de 2010


Número de homossexuais assassinados em Minas cresce 17,5%



Sex, 12 de Março de 2010 06:20
Elaine PereiraPortal Uai
Minas Gerais está em quarto lugar no país em número de mortes de homossexuais, empatado com São Paulo, com 14 assassinatos e perdendo para o Paraná, a Bahia e o Piauí. Em 2009 ocorreram 17,5% mais mortes do que em 2008, número que revela que, mesmo com os avanços democráticos e leis que buscam garantir a cidadania no país, a homofobia é palpável. Os números foram divulgados nesta quinta pelo Fórum Mineiro LGBT com base no relatório do Grupo Gay da Bahia, que contabiliza as mortes a partir de notícias publicadas na imprensa e levantadas pelas ONGs LGBT do Brasil.
Subnotificação"Este é um dado a partir do movimento, mas a gente sabe que está subnotificado, porque muitos casos não aparecem, ou porque o próprio poder público não notifica isso. Eu sei quantos carros foram roubados, quantas casas assaltadas, mas existe um descaso frente a essa situação", defende Carlos Magno, militante do Cellos e secretário de comunicação da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT).
Segundo ele, em muitos casos a subnotificação é ajudada, por exemplo, pela forma como a morte é registrada. "Um travesti morto, de saia e sapato alto, é registrado como homem", diz. A sociedade é tão cruel com os homossexuais que muitos não tornam sua visibilidade pública, isto é, não se assumem. Muitos estão 'no armário' porque sofrem discriminação em casa e na rua. Isso também contribui para a subnotificação", afirma.
De acordo com o relatório divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) dos 14 homossexuais assassinados em Minas no último ano - seis a mais que em 2008 - seis são gays e oito são travestis. Nenhum assassinato cuja vítima seja lésbica foi notificado. O documento mostra ainda que a homofobia é mais forte em cidades do interior do Brasil. Dos 14 assassinatos notificados no estado, 11 foram consumados em cidades do interior. A quantidade de jovens homossexuais até 29 anos assassinados também chama a atenção.
CrueldadeAlém do crescimento no número de mortes, o relatório de 2009 revela a crueldade com que os homossexuais são mortos. Só no ano passado 198 gays, lésbicas e travestis foram assassinados com requintes de crueldade. "O que tipifica os crimes de homofobia é o excesso de crueldade. São mortes com muita violência. São 20 facadas, pessoas degoladas, não basta só matar, é preciso demonstrar o ódio contra os homossexuais", diz. Essa barbaridade vem sendo registrada em relatórios de anos anteriores, com vítimas sendo alvo de armas de fogo, estrangulamento, espancamento, pauladas, tortura, asfixia e queimaduras. Grande parte das vítimas é assassinada nos fins de semana e/ou feriados prolongados.
O relatório apresenta mais uma informação preocupante: de todos os crimes apresentados no Brasil, 80% das ocorrências policiais têm 'autor desconhecido'. Apenas 20% dos assassinos são identificados e menos de 10% punidos na forma da lei. "Algumas vezes, a família não quer dar continuidade à busca do assassino porque não quer assumir que tem um homossexual na família", completa.
MobilizaçãoPara tentar coibir o problema, Carlos Magno afirma que só com uma política pública que faça uma ação combinada na escola, dentro de casa e na segurança. Além disso, outra arma contra o preconceito é a mobilização. No dia 19 de maio haverá uma marcha nacional em comemoração pela passagem do dia Estadual e Internacional de Combate à Homofobia, celebrado em 17 de maio.
"Caravanas com ativistas do Brasil todo irão para Brasília. É diferente da parada gay. Será um dia específico para exigir do governo federal que resolva várias questões que estão engavetadas", conclui. Ele acredita que cerca de 1,2 mil pessoas devem comparecer ao evento.
fonte: Correio Web

General americano culpa soldados gays por massacre na Bósnia



Sáb, 20 de Março de 2010 08:46
Um importante general americano disse que gays enfraquecem forças militares e citou como exemplo uma tropa holandesa que não impediu um massacre durante a guerra da Bósnia.
Jorge PontualNova York, EUA - JORNAL DA GLOBO

O militar reformado que despertou a ira da Holanda é o general John Sheehan, dos fuzileiros navais. Ele foi ao Senado para combater a proposta do presidente Obama de aceitar homossexuais assumidos nas forças armadas e mexeu com o brio dos holandeses ao trazer de volta um episódio traumático. Em 1995, a força de paz da Holanda que defendia a cidade de Srebrenica, na Bósnia, se rendeu às forças da Sérvia, que massacraram mais de sete mil muçulmanos protegidos pelos holandeses. Segundo o general americano, isso aconteceu porque a inclusão de gays declarados tornou a força holandesa fraca e desmoralizada. As principais autoridades da Holanda reagiram com irritação. O Ministro da Defesa chamou as declarações de Sheehan de "desprezíveis e tolas", mas disse que não vai protestar oficialmente por se tratar da atitude de um maluco. Já o primeiro-ministro holandês afirmou que os comentários de Sheehan são errados e inaceitáveis e ofendem tanto os gays quanto os militares da Holanda. O general americano antigay parece estar em minoria. O Secretário de Defesa, Robert Gates, e o Chefe do Estado Maior Conjunto, Almirante Mike Mullen, apóiam a proposta de Obama. O presidente deu um ano para que o Pentágono e o Congresso discutam a mudança na lei. Pela política "don´t ask, don´t tell", soldados não podem assumir que são gays nem ser questionados sobre isso. Atualmente, qualquer militar que se declara homossexual é afastado.

terça-feira, 9 de março de 2010

Colabore

Escreva para o e-mail da Organzação, ochomofobia@gmail.com, mande o seu depoimento ou textos que possam colaborar com informações importantes para a causa anti-homofobia.

domingo, 7 de março de 2010

Não é homofobia: Uma história real

Eu tinha dois anos de idade e gostava de imitar Michael Jackson, quando o via dançando na TV. Era louco com ele. Saí um dia com meu pai e fiquei murmurando a música do Michael e rebolando com minha mãe. "Seu filho já nasceu boiola", disse o amigo do meu pai que só parou de rir quando fomos embora. Não era homofobia, ele estava apenas se expressando.Aos quatro anos comecei a dançar Ballet no Núcleo Artístico em Belo Horizonte, meus pais, irmão, avó e madrinha estavam nas apresentações e premiações, o restante da família e amigos não: "Isso não é coisa de homem. Não faz essas coisas de mariquinha", eles diziam. Não era homofobia, eles estavam apenas se expressando.No pré-primário a professora me colocava sempre junto das meninas, pois os meninos me batiam, e não gostavam de sentar "perto da bichinha". Não era homofobia, eles apenas estavam se expressando.
Na primeira série pedi à diretora para apresentar uma peça de teatro na escola, apresentei e alguns me xingaram de "boiola, bicha" etc. Meu pai foi à escola reclamar e a professora disse a ele "tratam seu filho assim porque ele não é normal". Não era homofobia, eles estavam apenas se expressando.Na quarta série um colega de sala me deu um tapa na cara e gritou comigo, "veadinho, essa vozinha de galinha". Não era homofobia, ele estava apenas se expressando.
Na quinta série, no colégio, o diretor e a pedagoga mandaram chamar minha mãe. "Seu filho dança ballet, escreve teatro, só anda com as meninas, não joga futebol. Seu filho tá virando veado e a senhora apoia, não faz nada?". Minha mãe me defendeu, a chamaram de louca e ela me levou embora, aos prantos. Não era homofobia, eles estavam apenas se expressando.Também na quinta série, participei das Olimpíadas da escola, na modalidade salto à distância. Quando você corre e pula, naturalmente seus olhos arregalam. Quando pulei, jogaram areia nos meus olhos e gritaram "pula, bichinha". Fiquei alguns dias com os olhos feridos. Não era homofobia, eles estavam apenas se expressando.Algumas mães e irmãs de alguns dos poucos amigos homens que tinha pediram a eles, na minha frente, para se afastarem de mim, pois poderiam "ficar mal falados". Não era homofobia, elas estavam apenas se expressando.Entre a sexta e a oitava série, me batiam de vez em quando no final da aula, me derrubavam nas aulas de educação física, alternavam meus apelidos entre "RuleBambi" e "Bailarina", e sempre repetiam "vira homem, veado". Não era homofobia, eles estavam apenas se expressando.Na oitava série eu queria dançar quadrilha. Nenhuma das meninas quis dançar comigo, elas riam "Ah, Ru, você tinha que ser mais homem ou dançar com homem". Fiquei triste, e a professora de educação física disse "eu danço com você". Não era homofobia, elas estavam apenas se expressando.No segundo grau mudei de escola e lá apanhei também. A diretora me mudou de sala, os novos colegas riam, mas não me batiam. Não era homofobia. Eles estavam apenas se expressando.Quando trabalhei de garçom junto com meu pai, um dia fui sozinho. O cara que ficou de chefe no lugar do meu pai ordenou que "carregasse sozinho os botijões. Vamos ver se ele é homem mesmo". Não era homofobia, ele estava apenas se expressando.
Na faculdade, um colega de turma me agrediu fisicamente, pois eu o abracei quando o vi durante o almoço. "Tá me estranhando? O que você quer?", me disse ele. Não era homofobia, ele estava apenas se expressando.Formado, trabalhando em um jornal impresso em início de trajetória, meu chefe me comunicou minha demissão "meu sócio, dono das máquinas disse que não quer veado no jornal". Não era homofobia, ele estava apenas se expressando.
Pouco depois uma amiga me convidou para a festa da irmã, eu e nosso grupo de amigos. Todos ganharam dois convites. Eu ganhei só um. Quando pedi o segundo convite ela me disse "Ru, é uma festa de família, não fica bem se você for acompanhado". Não era homofobia, ela e a família dela estavam apenas se expressando.Certa vez, na Savassi, região nobre de Belo Horizonte, estava sentado na praça com meu par, um cara passou e cuspiu em nós. "Que nojo" ele disse, fomos defendidos por um policial. Não era homofobia, ele estava apenas se expressando.Em 2008, escrevi sobre o preconceito contra gays e divulguei o texto no Orkut. Uma comunidade dita católica contra "homofacistas" (como alguns chamam os gays anti-homofóbicos) fez uma série de denúncias contra meu perfil ao Google, dizendo ter conteúdo impróprio, me perseguiram e ameaçaram virtualmente. Tive que criar outra conta no Orkut. Não era homofobia, eles estavam apenas se expressando.São alguns dos tristes trechos dos quais me recordo. Já fui e sou desacreditado, oprimido e violentado verbal e fisicamente por pessoas que nunca esconderam o motivo para tal: eu ser gay. Mas, não se preocupe, não vou me fazer de vítima, não vou culpar a sociedade ou algum participante bronzeado, prateado ou dourado do Big Brother Brasil. Não, não era homofobia, nunca é. Eles sempre estavam e estão apenas se expressando. Eu também.

sábado, 6 de março de 2010

A necessidade de superação ao preconceito homofóbico



1.1 A necessidade de superação ao preconceito homofóbico.
O estudo sobre a superação da homofobia é um tema bastante abrangente e conta
com o apoio de uma secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República,
sendo esta um órgão responsável pela sua articulação, implantação e avaliação. A superação a homofobia e conseqüentemente o respeito e a promoção da cidadania de gays, lésbicas e transgêneros, estende-se a todos os órgãos públicos e federais, estaduais e municipais, bem como a toda a sociedade brasileira.
O termo é ainda desconhecido por muitos, embora as reações e os preconceitos
sejam muito antigos e conhecidos de todos. A negação à orientação sexual do outro, causa
na grande maioria das pessoas a repulsa face às reações afetivas e sexuais entre pessoas do
mesmo sexo. O heterossexismo descreve uma atitude de preconceito que acaba por
suprimir os direitos de cidadania, classificando como inferiores pessoas cuja opção sexual
é vista pelos heterossexuais como problemas sociais. A institucionalização do
heterossexismo é reforçada em nossa legislação, nas religiões, na língua e nas escolas,
conferindo uma violação aos direitos humanos semelhante ao racismo e ao sexismo. Esse
procedimento é por vezes reforçado, pelo fato de ser a homossexualidade entendida como
promiscuidade, deixando de se reconhecer no outro, o seu direito de escolha.
O termo continua ainda, sendo um grande enigma em nossa sociedade, que, apesar
da evolução nos estágios tecnológicos, não consegue conceber e respeitar a opção sexual
do outro. Para Ceccarelli (2000),
“...Se observarmos as diversas reações da atualidade em relação a certas
atitudes de conotação sexual, ficaremos impressionados ao constatar que
tais reações permanecem imutáveis ao longo da história. Assim, enquanto
no passado havia uma preocupação excessiva, que pode nos fazer rir, com
a questão do prazer, com os perigos da masturbação e outros tantos ligados
à sexualidade, hoje, depois da "revolução sexual" dos anos sessenta,
assistimos a acontecimentos, no fundo, bastante semelhantes”.
Falar de sexualidade implica entender a conotação que é dada ao tema em todos os
segmentos da sociedade. Na escola não é diferente, o tema apresenta-se com maior
destaque na adolescência e na grande maioria dos casos, as confusões e as curiosidades
apresentadas pelos jovens sofrem repressões, especialmente se a dúvida for em relação à
opção sexual. Segundo Gandra & outros (2003),
“Por causa das informações que recebemos quando criança e das
cobranças do meio social em que vivemos, os desejos que envolvem a
nossa sexualidade são muitas vezes, duramente reprimidos, o que
aumentam as incertezas”.
Com a proposta de dirimir e por fim combater a discriminação com base na
orientação sexual foi criado em 2001 o Conselho Nacional de Combate à Discriminação
(CNCD), cuja implantação contribuiu como medida implantada pelo governo brasileiro
para implementação das recomendações oriundas da Conferência de Durban. O combate à
discriminação com base na orientação sexual passou a receber também vertentes tratadas pelo CNCD.
Maria Ângela dos Reis Silva Tanno, Mestre em Educação pela Universidade Católica de
Brasília. Professora do Ensino Superior. E-mail: angelatanno@yahoo.com.br
Enciclopédia Biosfera, N.03, Janeiro – junho 2007 ISSN 1809-0583